Sabe, essa vida que escolhi viver me faz ser julgado como “vagabundo” por muitos. Às vezes dói profundo na alma, mas há o outro lado da moeda!

A flexibilidade de horários da minha jornada diária permitiu que me colocasse à disposição da família para estar com meus avós durante a semana. Meu avô já ultrapassa os 90 anos e minha avó está indo pelo mesmo caminho.

Vô (pérola)

– Vô, nunca vi alguém gostar tanto de varrer! Tá sempre com a vassoura na mão, varre o dia todo. Sabe, acho que daria um bom gari.

– (rs) Eles varrem de qualquer jeito. Eu tenho técnica.

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Preparando sopa de legumes, atendendo ao pedido do vô em um raro dia frio nesse ano de 2015: “Nesse friozinho vai bem uma sopinha de legumes.”.

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Fez-se música

A teimosia característica dos idosos exercita minha paciência, ao mesmo tempo que proporciona gostosas gargalhadas e mostra toda lucidez e vitalidade de quem desfruta, com coragem, de uma vida plena.

Todos os dias que chego na casa deles, e entro pelo portão, é como se atravessasse o tempo, o coração desacelera e fica do lado de fora todo o frenesi da atual sociedade. Essa experiência ao lado deles rendeu alguns versos e virou música:

“Eu atravesso o tempo
Eu atravesso o tempo
Sou recebido com afago e entusiasmo
Ao passar pelo portão

Na sala de TV ela não é ligada
Emudece enquanto histórias são contadas
E mesmo que não digam uma só palavra
A história continua a ser contada

Basta olhar a pele enrugada
Cabelos brancos, vista embaçada
Pra se deixar levar
Pra outro tempo, outro lugar

De momentos graciosos
Passos lentos e teimosos
Ah, como são teimosos
Pra continuar a viver

Me ensinar a viver”