A vista engana e nos iludi, fazendo acreditar na possibilidade de chegar ao horizonte traçado diante de nossos olhos. Que vontade de mergulhar nesse mar em uma busca infinita atrás do que há no horizonte. Perseguir o horizonte sem exitar me trará de volta ao mesmo lugar, e ao esticar novamente o olhar ele ainda estará lá, misterioso e infinito. Intocável! Pensamentos que desprendem os pés do chão e me fazem querer viver uma vida de eterna aventura, de leveza na alma e desapego dos sonhos. (ah, o horizonte infinito)
Foi quase um mês distante de vocês, da internet e redes sociais. No início apreensão, a angustia por acreditar que aqui é onde minha pretensão por viver da arte e mostrar minha música ao mundo se faz possível. Me afastar seria deixar de fazer minha arte viver. Aos poucos o resgate da consciência de que a arte vive em mim, naquilo que toco com o olhar e vejo com as mãos. Estar presente foi a maior das descobertas.
Nada mais deveria nos importar do que estarmos presentes 100% do tempo. Isso é viver! O resto ou é passado ou é futuro, é qualquer coisa, menos viver. Um susto tremendo constatar que deixei de viver boa parte da minha vida. Frustrante? Talvez. Mas prefiro concluir que uma vida inteira ainda espera para ser vivida. Preso entre o passado e o futuro estarei vivendo. (prisão que liberta a vida em nós)
Mais vivo do que nunca, e exercitando a consciência de maneira cada vez mais profunda, estou de volta e muito feliz por estar novamente com vocês. Adoro a relação que estabelecemos, uma relação de troca, de mão dupla. Aqui estou por completo, o ser humano, o artista e o cidadão em busca de comunhão e aprendizado com aqueles que, de alguma maneira, se identificam ou admiram meu trabalho. E nesse retorno, além da reflexão acima, gostaria de compartilhar com vocês os versos de uma nova canção:
“Dia de chuva na praia
O Sol não saiu
O plano de um dia perfeito
Pareceu frustrado pra mim
Nada de areia nos pés
Ou brisa do mar pra acalmar
O único banho possível
Está onde a vista alcançar
Livro nas mãos
Nutri a imaginação
Limpo as nuvens do céu
No sopro com a força de um tufão
Quarto de hotel
Pais e seus filhos
Dispensam a televisão
Enquanto brincam jogados no chão
Se o Sol é a alegria
Da sua vida
Aquece e ilumina
Seca as feridas
A chuva é o contrário
Dessa condição
Ao pessimista
Entregue à frustração
Sol sem chuva
Roupa esturricada
Chuva sem Sol
Roupa encharcada
Sol sem chuva
Solo rachado
Chuva sem Sol
Lama no sapato
Sol sem chuva
Torneira sem água
Chuva sem Sol
Casa alagada
Sol sem chuva
Campo sem flor
Chuva sem Sol
Coração sem amor”