leia também “Sobre dreads e preconceito”

Não, não sou eu na foto. Esse daí, ostentando sua bela cabeleira rasta, é o Kassio. Ele é do interior de Pernambuco, mais precisamente da cidade de Orobó. Sua vontade de fazer dreads ganhou força nos últimos tempos, mas esbarrava nos olhares tortos e comentários preconceituosos quando falava disso pra alguém, chegando a ouvir da própria avó que não dormiria mais na casa dela se fizesse os dreads.

“Eu tava aqui de boa na net, e resolvi pesquisar sobre como lidar com os preconceitos da sociedade em relação aos dreads. Comecei a ler seu blog e já virei fã”, respondeu Kassio quando perguntei como havia chegado até mim. Ele leu o texto “Sobre dreads e preconceito”, que publiquei ano passado. Ele prossegui: “Ouvi tuas músicas e gostei muito das letras, falam a realidade vivida por muitos em nosso país, e foi daí que resolvi aplicar os dreads mesmo.”.

Kassio Augusto e seus dreads (Orobó - PE)

Kassio Augusto e seus dreads (Orobó – PE)

Na semana seguinte, Kassio, me enviou uma linda mensagem junto com sua foto: “Man, obrigado pelo incentivo. Graças a Deus, e a vc, estou conseguindo mudar a cabeça das pessoas em relação ao preconceito… 95% das pessoas gostaram, outros 5% ainda permanecem no preconceito, mas a cada dia que se passa uma barreira é quebrada…”.

Os olhos marejaram e senti o corpo inteiro arrepiar. Extremamente feliz em poder compartilhar essa história com vocês, que tanto têm me apoiado e dado carinho nessa batalha diária. Olha só as coisas bonitas que estamos inspirando. Essa é uma conquista nossa! Ao Kassio, minha eterna gratidão e um presente 😉

Presente para o Kassio (“Dias de Paz” em Pernambuco)

Eita! Que alegria ver minha música chegando na terra de Lenine, OTTO, Chico Science & Nação ZumbiMundo Livre S/A, gente que tanto admiro. Entre tantos outros artistas talentosíssimos que nos dá essa terra maravilhosa. Há como não amar o nordeste e os nordestinos? <3

Kassio com o EP "Dias de Paz" (Orobó - PE)

Kassio com o EP “Dias de Paz” (Orobó – PE)

Muito feliz de ver que o Kassio está com meu EP em mãos, lá na cidade de Orobó, interior de Pernambuco. Desde o episódio citado acima, ele tem me apoiado com palavras de carinho que emocionam e provocam um sentimento muito gratificante, impulsionando o desenvolvimento diário do meu trabalho.

Em gratidão, e retribuição, o presenteei com um EP dedicado assim: “Kassio, que minha música inunde seus ‘Dias de Paz’. Receba esse CD como gratidão ao seu apoio e como recompensa por sua maneira de encarar o preconceito e seguir seu coração. Abraços, Théo.”.

Alguns comentários da galera no Facebook

Gabriel Lucas

Parabéns Kassio pelos dreads e valeu mais uma vez Théo por compartilhar esse tipo de experiência! Já enfrentei muito preconceito também, já cheguei a perder oportunidade de emprego por isso, mas hoje percebo que se não fosse isso provavelmente estaria trabalhando em uma empresa chata que não vejo a hora de sair e todo dia reclamo do lugar, meus dreads quase funcionaram como uma peneira, me separando daquilo que não serve pra mim e tornando mais fácil perceber o que realmente é bom e desde então só trabalhei em empresas com pessoas legais e não tenho nenhuma reclamação a fazer de nenhuma delas. O mundo está em constante mudança e da época que fiz os dreads pra hoje já percebo uma aceitação muito melhor e isto pra mim é um sinal de que aos poucos os preconceitos estão sendo deixados para trás. Dreads, tatttoos, piercings e até modificações corporais mais extremas. Um dia as pessoas entenderão que uma coisa é o que tem por fora e outra é o que tem por dentro. O importante é cuidar da alma porque esse corpo aqui tem data de validade.”

Maik John

“Sou dread e professor, seguro maior barra quando os pais dos alunos vem a escola e dizem “é este ai o professor”, depois de 5 minutos de conversa ganho mais um fã na minha coleção. O exterior é só um quadro, o que importa é as mãos do pintor que o fez!”

Bob Cacau Carlos Cavalcante

“Força aí, moçada! O dread nos faz muito mais fortes! Nossa auto-estima passa a irradiar as pessoas! Abraço!”