Eita semaninha puxada, gente! Cheia de muito trabalho, o que é ótimo. Mas sinto que a medida que o trabalho se desenvolve e consolida, vou tendo menos tempo para “estar” com vocês. O que não significa menos dedicação e carinho àqueles que têm estado ao meu lado nessa enriquecedora jornada.

Envolto em burocracias que me exigem conhecimentos ora empresariais, ora de advocacia, ora de despachante, ora de contador, ora de produtor e, por fim, ora de músico e artista, vou entregando toda minha energia ao propósito maior de viver dignamente de uma arte que propõe reflexão, conscientização e crescimento humano.

E se o tempo para o contato virtual diminui, aumenta o tempo de exposição ao ser humano de carne e osso que me olha nos olhos e estende a mão, de maneira generosa e sensível, a mim e minha arte. Quarta-feira foi dia de retomar as palestras ao lado do escritor e amigo Flavio Notaroberto.

A professora Fabiana Ferreira nos convidou para o encerramento do projeto “Somos todos imigrantes”, iniciativa que acolheu cidadãos do mundo recém chegados ao Brasil, dando a eles noções básicas de língua portuguesa e cultura brasileira com foco na interação social.

(Um parêntese: gratidão eterna à Fabiana, que foi quem me deu a primeira oportunidade de viver a plenitude do meu propósito artístico e humano. Em 2015, após assistir ao meu show, Fabiana me convidou para um show/palestra aos seus alunos do Senac Tatuapé que integravam o projeto “Juventude ativa por uma cultura de paz”. Ali, sem nunca pretender ser, e reconhecendo minha falta de preparo para desempenhar tal papel, descobri que somos todos educadores.)

E se a língua ameaçava ser uma barreira entre nós e os imigrantes, a arte se fez valer da sua incrível capacidade de comunicar sem a necessidade de tradução literal. A emoção também faz questão de ignorar a barreira da língua para se fazer compreender. O sorriso e as lágrimas dos professores envolvidos no projeto emocionavam sem que palavras precisassem ser ditas. Momento lindo de vivenciar!

O olhar estrangeiro, tematizado pelo Flávio, fascinou ao nos fazer constatar que é da criança o olhar mais estrangeiro que existe: “A criança não se assusta, não se espanta, não se choca, não se intimida, nem se constrange, nem se acovarda, nem julga o mundo diante do novo. O olhar da criança é o da descoberta.”.

Incrível como a arte e o olhar atento dos espectadores nos dão intimidade instantânea para abrirmos nosso coração de maneira inesperada. É a conexão imediata que a arte proporciona para ambos: artista e público. Não foi diferente dessa vez, histórias íntimas expostas pelos artistas, e principalmente pelos indivíduos Flávio e Théo. E se os alunos mal preenchiam um semicírculo a minha frente, a intensidade com que seus olhos brilhantes de curiosidade e descoberta me fitavam fizeram crer estar diante de toda a população da Colômbia, da Bolívia e de Bangladesh.