Encerro hoje mais uma etapa do processo longo, penoso e por muitas vezes desestimulante que é a concretização de um sonho, mas tudo isso tem peso zero sobre mim agora, porque as lágrimas e sorrisos de felicidade irão sempre prevalecer nesse caminho que reserva grandes surpresas. Ontem recebi o tão aguardado EP. Sim! Está pronto e embalado. Imaginem só a ansiedade de abrir, ver, cheirar, tocar, ouvir… Enfim… São tantas sensações em um só momento que não sei como estou aguentando permanecer quieto. Pois é, mesmo diante deste cenário ainda consigo fazer prevalecer o controle emocional, tão evidente em meu exterior, mas só eu sei como as coisas reviram e se aquecem aqui dentro.

Ainda vai demorar um pouco para que possam gozar dessa mesma sensação que a minha. Alguns passos terão que ser dados antes que possam ter em suas mãos esse trabalho. E pela reação do pessoal da fábrica acho que ficou realmente bom. Menção honrosa, mais uma vez, para o Instinto Coletivo, que agora tem seu trabalho entre os melhores já produzidos ali, figurando no portfólio principal de amostra para futuros clientes. Quem me garantiu isso foi a pessoa que me atendeu durante todo o tramite burocrático no processo de prensagem do CD. Em gratidão ofereci para ela e sua filhinha, prestes a nascer, um exemplar do EP. Disse assim: “Pode pegar um CD pra você.”. Ao que me foi prontamente respondido: Quando fazemos materiais bonitos como o seu temos o hábito de guardar para mostrar aos novos clientes. E assim solicitei ao pessoal uma amostra do seu material para deixar comigo! rs”. Parabéns rapaziada ;-).

Cumprindo com a proposta que deu início aos textos de agradecimentos e que funcionaram como espécie de diário do processo de produção do EP, faltava dizer sobre como se deram os dias no NaCena Studios. Nossa, um sonho que parecia tão distante nas conversas iniciais com o Paulo Gianini, onde os custos com estúdios de ensaio nos preocupavam, o que dizer então do estúdio onde gravaríamos. O NaCena surgia como remota possibilidade a cada reunião que tínhamos durante a pré-produção. Mas à medida que o trabalho ganhava corpo a sentença do Paulo era cada vez mais taxativa: “O NaCena seria perfeito para o seu som, Théo. Aquele som de sala cheio, vivo! Ainda mais porque estou com uma ideia de gravar as bases ao vivo. Seu som pede essa energia. E aquele piano? Ia ser lindo! Para o quarteto de cordas então.”.

Mas o papo prosseguia, e a realidade assumia seu papel no mostrador da calculadora a cada conta que eu fazia: valor na poupança x + parte do salário y = NACENA SEM CHANCE. Até que me lembrei de quando estive lá para gravar um single com a Fabulosa Banda do Curinga. Não tinha uma lembrança clara, pois foi muito corrido. Mas me marcou aquele salão com o piano no centro. Tirou-me o fôlego! Decide, então, que queria sentir aquilo novamente. E se me propus a fazer um trabalho artístico que tocasse as pessoas, que ele soasse o melhor possível.

Abri mão do pouco lazer que ainda me restava para tirar mais do salário. E a conta que continuava não fechando me levou a encarar novo emprego, que pagava mais, porém, sem carteira assinada ou qualquer garantia de estabilidade. Estava em uma “startup”, empresa embrionária. Como ex-funcionário do estúdio, o grande amigo Eric Yoshino ajudou demais no contato e negociação das datas e valores. Ainda estava apertado, mas deixava de ser impossível. Agendamento feito: 03 dias de estúdio, que ao final das gravações somariam 34 horas de locação.

“Tempo recorde para gravação de 05 faixas”, eram os comentários que ouvia pelos corredores. Mas se a qualidade e entrosamento (instantâneo) dos músicos foi determinante para o excelente desempenho, não há como deixar de destacar a fundamental importância dos profissionais do NaCena. Mais uma vez atendendo ao Paulo, dei a ele o que me foi pedido: “Quero o Thiago Baggio como técnico de som.”. Além da competência, um cara sensacional. Deixou-me extremamente à vontade. E se já não bastasse meu estado de graça por estar “em um dos melhores estúdios de gravação do país, quiçá da América Latina” (por Paulo Gianini), ainda me senti em casa. A dica da pizzaria foi o melhor de tudo (rs). Que pizza boa! Já que não entendo nada dessa parte técnica de áudio tenho que dizer sobre o que entendo: comida. Hummm… Mandou muito bem Thiago!

E não bastasse esse cara espetacular no comando dos cabos e mesa, a equipe ainda contava com Tico Prates e Gabriel Ferreira. Sem palavras para esses dois. O Tico um cara extremamente doce e solidário. Deu total atenção para minha mãe e irmão, mostrando tudo, explicando, com uma paciência e prazer. Sensacional! E o Gabriel? Era notório seu encantamento com todo aquele universo. Seu envolvimento comigo, com os músicos, com os timbres e acordes que eram executados se deu de maneira tão natural e ingênua. Não sei se era novo por lá, mas parecia, pois estava no mesmo estado de graça que o meu. Só que do lado oposto (rs).

Fiquei feliz demais em contar com esses dois caras que estavam ali não só pela competência técnica, mas também, e principalmente, pelo amor que sentem no que fazem. Para minha sorte! Paulo e Thiago conduziram tudo com tanta naturalidade e sintonia que minha única preocupação era saber que horas iríamos pedir a pizza (rs). E nessa maravilhosa rede virtual pude manter contato com os três e compartilhar da felicidade de todos, que permanecem fazendo o que amam e crescem a cada dia como profissionais e seres humanos.

Thiago sempre divulgando os trabalhos gravados por ele e seus investimentos em novos equipamentos. O Tico mostrando garra absurda e uma gana fora de série para se aperfeiçoar e buscar cada vez mais conhecimento na área de áudio. E o Gabriel demonstrando todo o seu amor pelo trabalho ao divulgar com entusiasmo as horas seguidas no estúdio, sendo o sono e o descanso deixados de lado sem qualquer cerimônia. Agradeço demais a todos que participaram diretamente dessa primeira etapa de um sonho que ainda será perseguido com muita força por mim.

Descobrir que não é só de conhecimento técnico que se faz um “puta som” é gratificante, pois o que meu som mais precisa é de sensibilidade, é de alma, e isso não faltou em nenhum dos profissionais e amigos que estiveram comigo até aqui. Difícil não se emocionar em cada lembrança. Muito obrigado! Minha jornada segue e espero reencontrar vocês em breve para escrevermos um novo capítulo nessa história, dessa vez contada no Blog ;p.

Esse post é também uma homenagem singela e em agradecimento a: Sivaldo Freitas; Diana Freire e Luana. Responsáveis pelo cordial atendimento. Ganhamos até um bolo fresquinho na pausa para o lanche :-). Peço que encaminhem minha mensagem para eles.